sábado, 15 de novembro de 2008

A Pedra da discórdia

É talvez a mais importante peça da comunidade judaica local. Quando foi encontrada, Belmonte não tinha local para a expor e o Museu de Castelo Branco recebeu-a. Agora, o Estado não a devolve. Quem visitar o Museu Judaico de Belmonte e quiser ver o mais importante testemunho da longa presença judaica na vila, terá de contentar-se com uma réplica. Será que isso faz algum sentido, quando a epígrafe verdadeira está fechada, algures numa sala, longe dos olhares do público?

SE POR acaso o famoso Indiana Jones fosse judeu, talvez a comunidade belmontense conseguisse convencê-lo a vir resolver este problema. Afinal, a sua especialidade é recuperar tesouros perdidos e entregá-los a quem de direito. Mas deixemo-nos de ficções, porque este assunto é bastante sério.

Em causa está aquela que é, seguramente, uma das mais importantes peças da história judaica de Belmonte: uma epígrafe votiva, datada de 1297, proveniente de uma antiga sinagoga da vila.

Por volta de 1910, enquanto se procedia a escavações arqueológicas nas ruínas da antiga Igreja de S. Francisco, em Belmonte, foi encontrado um bloco de granito com uma inscrição que na altura era imperceptível (em hebraico). Com a ajuda de Samuel Schwarz, foi possível perceber não só a data, como também a mensagem que veiculava, concluindo-se que se tratava de uma epígrafe votiva. Estava ali uma prova irrefutável da longa presença dos judeus em Belmonte – desde a Idade Média.

Mas Belmonte não tinha meios técnicos nem humanos para dar o devido tratamento à peça e por isso foi decidido colocá-la no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, que por essa altura vivia os primeiros anos de existência e no qual a arqueologia se destacava.

Acontece, porém, que o museu albicastrense foi-se transformando e nas última décadas especializou-se, sobretudo, em pinturas e tapeçarias do séc. XVI, tecnologias têxteis tradicionais e bordados. Muito do acervo arqueológico deixou de estar patente ao público, sendo armazenado. Ao que parece, a epígrafe judaica em causa também está “arrumada”.

in "jornal do fundão"

1 comentário:

Chefe Soares disse...

Isto é uma afronta! Mas quem é que manda, ou quem é que decide, para onde o expolio historico do Concelho de Belmonte irá, ou o que se deve fazer com o mesmo? Não podemos andar a brincar nem a usar como auto-valorisação com os achados que a nos Belmontenses pertencem. Então não basta o roubo das pessas que pertenciam ao castelo e ha familia cabral, como tambem agora uma pedra importanticima para a nossa historia pois a comunidade Judaica já nos acompanha há Seculos na nossa vida e que alem de tudo muito nos tem ajudado. São criadas empresas municipais para fazer festas, associaçoes belmonte em movimento para não sé que, são criados tachos para tudo e mais alguma coisa mas ainda ninguem se lembrou de criar um Nucleo de investigação, orientaçao e conservaçao do expolio historico (por EX.), pois anda-se a fazer museus mas o expolio vai para outro ponto do País. Por este andar quando eu que estou fora do Concelho, quiser mostrar a historia das minhas raizes aos meus filhos terei que correr o País, para o poder fazer e até quiça o Mundo?
Há, não se pode esquecer que o Patião dos Cabrais, está localizado na Igreja de Santiago em Belmonte, mas, os restos mortais do Pedro Alvares Cabral, assim como outros objectos pertencentes a belmonte, estão em Santarem.